É necessário que o educador/ professor traga a poesia para a sala
de aula. A poesia pode, quando bem explorada, ajudar a suprimir carências
da vida da criança e ajuda-a a relacionar-se com os seus universos interior e exterior. Por um lado, a construção da sua vida emocional; por outro lado, o conhecimento do mundo que a rodeia.
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Escultura de Su Blackwell |
(…) Uma escola onde a poesia esteja
presente, onde seja objeto de estudo e fonte de reflexão, é mais suscetível à
mudança, à evolução, apelando à sensibilidade, à criatividade e à inteligência.
A poesia, pela sua natureza, por um lado, ao despertar sentimentos e imagens,
ajuda a criança a explorar o seu íntimo e a expressar pensamentos e
experiências; por outro lado ao recriar realidades estimula-a a percecionar os
contextos por onde a leva a viajar. A poesia permite a criação de uma visão
holística da realidade pretendendo romper com o “(…) academismo palavroso e
absurdo, em que se fala mais sobre a língua do que se aprende realmente a
conhecê-la e a manuseá-la” (Franco, 1999, p. 43). Neste sentido, o professor
desempenha um papel fundamental na relação a desenvolver entre a criança e a
poesia conduzindo-a à descoberta de si própria e do mundo que a rodeia. É esta
a condução que caracteriza a educação; do grego ducere vem a ideia de conduzir e de educere a ideia de extrair as potencialidades que estão em cada ser
(Lamas, 2009).
Como defende Neto (2006), a
poesia não se ensina. Cabe sim ao professor, encontrar estratégias e criar
experiências/ atividades que viabilizem o despertar do desejo da criança pela
expressão poética. A poesia estimula a criatividade de quem com ela se cruza,
permitindo viver, sonhar e sentir de uma forma mais genuína, mais real. É
fundamental que o professor crie situações, através de jogos, leituras,
produções escritas, por exemplo, que levem a criança a explorar a poesia e, por
intermédio dela, exteriorizem os seus sentimentos, emoções, experiências e
realidades. Porém, em grande parte, a poesia não é vivida de forma efetiva nas
escolas, por ser um campo complexo e de difícil entendimento. Segundo Barros
(2010, p. 21),
(…) muitos professores não vêem na poesia nenhuma contribuição para o
aprendizado dos alunos, até mesmo por pensarem que a leitura de poesia é para
pessoas letradas, com conhecimento suficiente para interpretar. De certa forma,
é verdade. Agora, isso não os isenta da responsabilidade de ler e motivar os
alunos a lerem para obter bagagem suficiente para compreender um texto
literário.
É assim que a poesia tem sido
perspetivada nas escolas por muitos professores, que não se encontram
conscientes para perceber que a poesia faz parte do homem e da sua formação
pessoal, ajudando a (trans)formar o caráter humano. Também a falta de interesse
dos professores pela poesia se deve à formação de professor, como foi
oportunamente verificado nos programas, que não contempla programas que sensibilizem para a poesia.
(…) Para que a poesia seja vivida
de forma efetiva nas escolas, é conveniente que os professores se encontrem
sensibilizados e, neste sentido, a formação de professores assume um papel central.
In A Poesia na Escola, (pp.
125-127)
Bibliografia:
Barros, D. (org.) (2010). Vivências poéticas, experiências de ensino.
Goiânia: Editora Vieira.
Franco, J. A. (1999). A Poesia como Estratégia. Colecção Campo
da Educação. Porto: Campo das Letras
Lamas, E. (2009). Aprendizagem ao longo da vida, Cursos de
Educação e Formação de Adultos – Nível Secundário. Reflexões e comentários.
Vila Nova de Gaia: Instituto Piaget.
Neto, L. (2006). Olhares Poéticos da Infância. Porto: Papiro
Editora.