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sábado, 28 de abril de 2018

UM 25 DE ABRIL CONTADO ÀS CRIANÇAS


Desenho de cravos vermelhos por Maria Leonor António (6 anos de idade)

Os meus alunos têm cinco anos de idade e ainda não sabem ler. São curiosos e fazem imensas perguntas, às quais eles próprios dão rapidamente as respostas, colocando hipóteses bastante interessantes sobre fenómenos do dia-a-dia ou enigmas relativos à infância. Penso, não raras vezes, como as crianças se devem sentir incompreendidas, tendo em conta que cada criança é um mundo e cada um desses mundos remete para uma cultura própria, a chamada cultura da infância, com características peculiares. A imaginação, a tenacidade e a energia em combustão, em suma, a alegria de viver.

O 25 de Abril é um enigma para as crianças pequenas. Como explicar uma conjunctura sócio-política de uma época do século passado que culminou na Revolução dos Cravos, a qual inundou literalmente os portugueses de alegria, e cuja acção se sente até hoje em todos os quadrantes da sociedade? Todos os anos, como Educadora de Infância, chegada à véspera do feriado histórico, tenho o mesmo problema.

Tenho a intuição e o conhecimento de que é possível falar de “tudo” com as crianças, devendo essa aprendizagem, no entanto, ser abordada de uma forma adequada. Lembrei-me então das fábulas, aquelas lindas histórias onde os animais falam e nos dão sábias lições de vida, em que a dimensão dos valores atinge uma importância crucial na narrativa.

E se a conversa de hoje fosse assim em jeito de fábula?

“Era uma vez um denso e escuro lago de água doce onde viviam muitos peixes, de todos os tamanhos e de diversas cores e feitios. Eram peixes sossegados e tristes. O chefe dos peixes era o maior de todos. Vivia rodeado de um exército de peixes venenosos que faziam tudo o que o presidente mandava. Este exército não deixava os outros peixes fazerem nada como brincar, cantar, dançar, passear, nem sequer falar sobre essa falta de liberdade que tanto os afligia. Era um exército grande, forte e mau. E quando algum peixe mais corajoso falava alto sobre o problema, era preso numa gruta escura no fundo do lago e nunca mais ninguém o via.

Mas os peixes estavam decididos a resolver a sua situação. Conversaram uns com os outros, muito baixinho, para os peixes venenosos não os ouvirem, e decidiram fazer uma Revolução dos Cravos, usando como armas as lindas flores que tinham visto plantadas nas margens do lago. Com esses cravos, os peixes atacaram o exército, fazendo muitas cócegas em todas as barbatanas dos peixes venenosos, até que estes não conseguirem parar de rir.

Os peixes venenosos gostaram tanto da sensação de alegria que convidaram todos os outros peixinhos para fazerem um baile: brincaram, cantaram, dançaram. Isto aconteceu num dia 25 de Abril, há muitos anos, mas todos os peixes se lembram bem desta data maravilhosa, que trouxe coisas boas para todos.

A partir desse dia, os dois grupos de peixes ficaram amigos, dando longos passeios e conversando sobre as suas vidas. Todos juntos, decidiam o que fazer para tornar aquele lago um bom lugar para viver, um paraíso. O chefe dos peixes não gostou da mudança que aconteceu no seu lago, o qual se tornou mais leve e cristalino, mas com o tempo, concordou que era muito mais justo e divertido viverem todos em liberdade.

E todos os anos, no dia 25 de Abril, os peixes fazem uma grande festa: cantam, dançam e fazem cócegas uns aos outros com as pétalas dos cravos vermelhos que crescem nas bermas do lago.”
AC


(Crónica publicada a 27 de Abril de 2018, no Algarve Informativo nº 153)

terça-feira, 24 de abril de 2018

Gosto de flores | Canções Infantis

Esta bonita canção vai ser cantada pelo grupo das crianças mais novas na Gala dos Versos Pequeninos, a realizar-se no dia 5 de maio, pelas 15 horas, no auditório da Biblioteca Municipal de Faro. Estão todos convidados!

Lebrinha 01