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sábado, 14 de outubro de 2017

Haiku

Muito há a dizer sobre o HAiKU, que deriva de uma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte. Só no século XIX, o mestre Masaoka Shiki lhe atribuiu um nome: haiku (pela junção das palavras haikai e hokku). Basicamente, o haiku define-se como uma forma poética que, quanto à forma, tem três versos curtos e, quanto ao conteúdo, expressa uma percepção da natureza. Os três versos (sem rima) apresentam, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas métricas japonesas. O haiku chegou ao Ocidente, quer pela via da imigração japonesa, quer pelo fascínio que o Oriente foi gradualmente exercendo sobre os ocidentais e que culminou, no caso da literatura portuguesa, no exotismo presente em textos simbolistas de final de século, como os de Venceslau de Morais e Camilo Pessanha. A métrica japonesa é diferente da ocidental. 

Hoje, trago-vos exemplos de haikus escritos pelo poeta Casimiro de Brito, retirados do livro "Flor Interior", publicado recentemente pelas Edições Eufeme. Não sendo propriamente destinados à infância, os pequenos poemas vão com toda a certeza agradar aos mais pequenos, servindo de motivação para outras explorações expressivas e estéticas:


Edições Eufeme


8 (p. 11)
A manhã sem pássaros
ouve-se um grande silêncio
na aldeia dos homens


48 (p. 24)
Chegou o Verão
os pés correm na praia
atrás do coração


Casimiro de Brito

Casimiro de Brito é poeta, romancista, contista e ensaísta. Nasceu no Algarve, em 1938, onde estudou (depois em Londres) e viveu até 1968. Depois de uns anos na Alemanha passou a viver em Lisboa. Teve várias profissões mas actualmente dedica-se exclusivamente à literatura. Começou a publicar em 1957 (Poemas da Solidão Imperfeita) e, desde então, publicou mais de 40 títulos. Dirigiu várias revistas literárias, entre elas "Cadernos do Meio-Dia" (com António Ramos Rosa), os Cadernos "Outubro/ Fevereiro/ Novembro" (com Gastão Cruz) e "Loreto 13" (órgão da Associação Portuguesa de Escritores). Actualmente é responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional “Serta” e faz parte da direcção do Festival “Voix Vives” de Sète bem como da World Haiku Association, sediada em Tóquio. Esteve ligado ao movimento "Poesia 61", um dos mais importantes da poesia portuguesa do século XX. Ganhou vários prémios literários, entre eles vários prémios nacionais, o Prémio Internacional Versilia, de Viareggio, para a "Melhor obra completa de poesia", pela sua Ode & Ceia (1985), obra em que reuniu os seus primeiros dez livros de poesia. Colabora nas mais prestigiadas revistas de poesia e tem obras suas incluídas em 236 antologias, publicadas em vários países. Participou em inúmeros recitais, festivais de poesia, congressos de escritores, conferências, um pouco por todo o mundo. Foi director de festivais internacionais de poesia de Lisboa (Casa Fernando Pessoa), Porto Santo (Madeira) e Faro. Foi fundador e vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, presidente da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie, de Lovaina e foi fundador e presidente da direcção depois da Assembleia Geral do P.E.N. Clube Português. Obras suas foram gravadas para a Library of the Congress, de Washington. Foi agraciado pela Academia Brasileira de Filologia, do Rio de Janeiro, com a medalha Oskar Nobiling por serviços distintos no campo da literatura — entre outras distinções. A Académie Mondiale de Poésie (da Fundação Martin Luther King) galardoou-o em 2002 com o primeiro Prémio Internacional de Poesia Leopold Sédar Senghor, pela sua carreira literária. Ganhou o Prémio Europeu de Poesia Sibila Aleramo-Mario Luzi, com a sua antologia Libro delle Cadute, publicada em Itália em 2004. E o prémio “Poeteka” na Albânia. Tem traduzido poesia de várias línguas, sobretudo do japonês e foi traduzido para galego, espanhol, catalão, italiano, francês, corso, inglês, alemão, flamengo, holandês, sueco, polaco, esloveno, servo-croata, grego, romeno, búlgaro, húngaro, russo, árabe, hebreu, chinês, albanês, macedónio e japonês. Em 2006, foi nomeado Embaixador Mundial da Paz, no âmbito da Embaixada Mundial da Paz, sediada em Genebra. E foi agraciado com a Ordem do Infante pela Presidência da República. Últimas obras editadas: Livro das Quedas, Arte de Bem Morrer, Amar a Vida Inteira, Amo Agora (com a cantora argentina Marina Cedro), Eros Mínimo, Aimer Toute la Vie (em Paris) e Apoteose das Pequenas Coisas (fragmentos), Flor Interior, Música Nua.

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