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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Poema "OU ISTO OU AQUILO" de CECÍLIA MEIRELES

OU ISTO OU AQUILO

é um poema de Cecília Meireles que, com exemplos do quotidiano, mostra que sempre temos que fazer escolhas na vida. Se fazemos algo, não podemos, ao mesmo tempo, fazer outra coisa. Este poema mostra-nos que as coisas parecem incompletas na vida. É muito interessante para ser lido e refletido, por nos mostrar uma lição sobre a vida de modo leve e com exemplos simples do dia a dia. Adequado às crianças pequenas.


Cecília Meireles (1901-1964, Brasil)


Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e não guardo o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

SONHO DE NEVE de Eric Carle

A exploração do tema INVERNO teve o seu início com a história SONHO DE NEVE, da autoria de Eric Carle, um dos meus autores preferidos. 

“SONHO DE NEVE” é uma história invernosa e natalícia que se destaca logo à partida pela própria edição do livro: a capa acetinada contrasta com a rugosidade dos fragmentos têxteis nela colados, a imitar flocos de neve; entre as páginas do miolo vão-se também intercalando folhas de acetato, adornadas com manchas de cor branca, e que se sobrepõem às ilustrações, qual mantos de neve, cobrindo não só o agricultor, o protagonista da história, como também os seus animais domésticos. De salientar ainda é a intensidade das próprias ilustrações, bem ao estilo de Eric Carle: collages em papel pintado, texturas e vistoso colorido. No final, o livro incorpora um mecanismo que faz soar uma melodia, quando o leitor é convidado a tocar-lhe.

Texto e ilustrações de ERIC CARLE; Tradução de ANA M. NORONHA

Texto inicial da história: 

«Numa pequena quinta vivia um agricultor. Ele tinha tão poucos animais que até os conseguia contar pelos dedos de uma mão. Então, o agricultor chamou aos seus animais Um, Dois, Três, Quatro e Cinco. Atrás do celeiro havia uma pequena árvore. O agricultor chamou-lhe Árvore...» 

link para o slideshare da história:



Eric Carle (Siracusa, Nova Iorque, 1929) 

Autor de mais de 70 livros, começou a ilustrar em 1967, depois de muitos anos como diretor de arte numa agência publicitária. Estudou na prestigiada escola de arte “Akademie der Bildenden Künste”, de Estugarda (Alemanha), país onde residiu na sua infância. Mas como sempre quis voltar para os EUA, regressou em 1952 em busca de uma oportunidade, que acabou por lhe surgir como designer gráfico no “The New York Times”. 

O primeiro livro da sua completa autoria foi 1,2,3, to the Zoo (1968), ao qual se seguiu The Very Hungry Caterpillar. 

Foi galardoado com os prémios da Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha (Itália), da Associação de Livreiros Infantis e da Associação Americana de Bibliotecas. Eric Carle disse: “Creio que a passagem de casa para a escola é o segundo maior trauma da infância; o primeiro, certamente, é nascer. Em ambos os casos trocamos um ambiente caloroso e protetor por outro desconhecido. Acredito que as crianças são criativas por natureza e capazes de aprender. Nos meus livros tento minimizar esse temor, substituí-lo por uma mensagem positiva. Quero mostrar-lhes que aprender é realmente fascinante e divertido.” 

Eric Carle

sábado, 4 de novembro de 2017

"Aranha" - Poesia Visual

A poesia visual aparece apenas nos conteúdos programáticos da escolaridade obrigatória. Contudo, é possível introduzi-la no pré-escolar, apesar de ser altamente complexa, uma vez que alia uma concepção de imagem com texto, existindo, à partida, um sub-texto nem sempre fácil de entender ou similar. No entanto, há exemplos mais simples, bastante apelativos para as crianças pequenas. O primeiro poema visual que escolhi data de 1964 e é da autoria de Salette Tavares. 
Pode funcionar como lengalenga e imagem estética, sendo possível a introdução de muitas propostas diversificadas a nível de outras áreas de expressão e domínios do conhecimento.

Salette Tavares

Salette Tavares nasceu em 1922, em Moçambique, então uma colónia portuguesa, na cidade de Lourenço Marques (hoje em dia Maputo). Aos onze anos mudou-se com a sua família para Sintra, Portugal, e viveu em Lisboa até 1994, ano em que morreu aos 72 anos.

Salette Tavares

Fez o curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Universidade de Lisboa, licenciando-se em 1948 com a tese Aproximação ao pensamento concreto de Gabriel Marcel, que seria publicada nesse mesmo ano, em Lisboa. Traduziu os Pensamentos, de Pascal, e As maravilhas do cinema, de Georges Sadoul. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer uma especialização em Estética, em França e na Itália, onde trabalhou com Mikel DufrenneÉtienne Souriau e Gillo Dorfles. Em 1964, a seguir à publicação do primeiro Caderno da Poesia Experimental (Ver: Poesia Experimental Portuguesa), edição Cadernos de Hoje, faz uma visita a Nova Iorque onde visita vários museus na companhia do seu amigo poeta Frank O'Hara, tendo estudado arquitectura moderna com Philip Johnson. Durante o auge da produção concretista portuguesa, em 1965, lecciona Estética na Sociedade Nacional de Belas Artes, e publica as lições correspondentes, sem ilustrações, na revista Brotéria. Um livro com essas mesmas lições, mas completas, intitulado “A dialética das formas”, estava composto em 1972, mas nunca foi publicado. Em 1979, teve uma retrospectiva da sua poesia visual na Galeria Quadrum, numa exposição chamada “Brincar”.
Algumas obras editadas:
  • Espelho cego(Lisboa: Ática, 1957);

  • 14 563 letras de Pedro Sete (Lisboa: Livraria Fomento de Cultura, 1965);

  • Lex icon (Lisboa: Moraes, 1971);

  • Obra poética (1957-1971) (Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992) - com introdução de Luciana Stegagno Picchio;

  • Poesia gráfica (Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 1995)

sábado, 14 de outubro de 2017

Haiku

Muito há a dizer sobre o HAiKU, que deriva de uma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte. Só no século XIX, o mestre Masaoka Shiki lhe atribuiu um nome: haiku (pela junção das palavras haikai e hokku). Basicamente, o haiku define-se como uma forma poética que, quanto à forma, tem três versos curtos e, quanto ao conteúdo, expressa uma percepção da natureza. Os três versos (sem rima) apresentam, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas métricas japonesas. O haiku chegou ao Ocidente, quer pela via da imigração japonesa, quer pelo fascínio que o Oriente foi gradualmente exercendo sobre os ocidentais e que culminou, no caso da literatura portuguesa, no exotismo presente em textos simbolistas de final de século, como os de Venceslau de Morais e Camilo Pessanha. A métrica japonesa é diferente da ocidental. 

Hoje, trago-vos exemplos de haikus escritos pelo poeta Casimiro de Brito, retirados do livro "Flor Interior", publicado recentemente pelas Edições Eufeme. Não sendo propriamente destinados à infância, os pequenos poemas vão com toda a certeza agradar aos mais pequenos, servindo de motivação para outras explorações expressivas e estéticas:


Edições Eufeme


8 (p. 11)
A manhã sem pássaros
ouve-se um grande silêncio
na aldeia dos homens


48 (p. 24)
Chegou o Verão
os pés correm na praia
atrás do coração


Casimiro de Brito

Casimiro de Brito é poeta, romancista, contista e ensaísta. Nasceu no Algarve, em 1938, onde estudou (depois em Londres) e viveu até 1968. Depois de uns anos na Alemanha passou a viver em Lisboa. Teve várias profissões mas actualmente dedica-se exclusivamente à literatura. Começou a publicar em 1957 (Poemas da Solidão Imperfeita) e, desde então, publicou mais de 40 títulos. Dirigiu várias revistas literárias, entre elas "Cadernos do Meio-Dia" (com António Ramos Rosa), os Cadernos "Outubro/ Fevereiro/ Novembro" (com Gastão Cruz) e "Loreto 13" (órgão da Associação Portuguesa de Escritores). Actualmente é responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional “Serta” e faz parte da direcção do Festival “Voix Vives” de Sète bem como da World Haiku Association, sediada em Tóquio. Esteve ligado ao movimento "Poesia 61", um dos mais importantes da poesia portuguesa do século XX. Ganhou vários prémios literários, entre eles vários prémios nacionais, o Prémio Internacional Versilia, de Viareggio, para a "Melhor obra completa de poesia", pela sua Ode & Ceia (1985), obra em que reuniu os seus primeiros dez livros de poesia. Colabora nas mais prestigiadas revistas de poesia e tem obras suas incluídas em 236 antologias, publicadas em vários países. Participou em inúmeros recitais, festivais de poesia, congressos de escritores, conferências, um pouco por todo o mundo. Foi director de festivais internacionais de poesia de Lisboa (Casa Fernando Pessoa), Porto Santo (Madeira) e Faro. Foi fundador e vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, presidente da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie, de Lovaina e foi fundador e presidente da direcção depois da Assembleia Geral do P.E.N. Clube Português. Obras suas foram gravadas para a Library of the Congress, de Washington. Foi agraciado pela Academia Brasileira de Filologia, do Rio de Janeiro, com a medalha Oskar Nobiling por serviços distintos no campo da literatura — entre outras distinções. A Académie Mondiale de Poésie (da Fundação Martin Luther King) galardoou-o em 2002 com o primeiro Prémio Internacional de Poesia Leopold Sédar Senghor, pela sua carreira literária. Ganhou o Prémio Europeu de Poesia Sibila Aleramo-Mario Luzi, com a sua antologia Libro delle Cadute, publicada em Itália em 2004. E o prémio “Poeteka” na Albânia. Tem traduzido poesia de várias línguas, sobretudo do japonês e foi traduzido para galego, espanhol, catalão, italiano, francês, corso, inglês, alemão, flamengo, holandês, sueco, polaco, esloveno, servo-croata, grego, romeno, búlgaro, húngaro, russo, árabe, hebreu, chinês, albanês, macedónio e japonês. Em 2006, foi nomeado Embaixador Mundial da Paz, no âmbito da Embaixada Mundial da Paz, sediada em Genebra. E foi agraciado com a Ordem do Infante pela Presidência da República. Últimas obras editadas: Livro das Quedas, Arte de Bem Morrer, Amar a Vida Inteira, Amo Agora (com a cantora argentina Marina Cedro), Eros Mínimo, Aimer Toute la Vie (em Paris) e Apoteose das Pequenas Coisas (fragmentos), Flor Interior, Música Nua.

Lebrinha 01